26/07/2013 às 15:47:35

Turismo No Cemitério



Em várias cidades do mundo, os cemitérios fazem parte da lista de monumentos e pontos turísticos mais visitados. 

A pesquisadora Clarissa Grassi (Presidente da Associação Brasileira de Estudos Cemiteriais) cita como exemplo o Père Lachaise, de Paris, onde estão sepultadas celebridades como Edith Piaf, Allan Kardec e Jim Morrison. “É o quarto local mais visitado pelos turistas que vão a Paris, lembrando que o Museu do Louvre e a Torre Eiffel estão na mesma cidade” afirma Clarissa. A arquitetura e a agradável sensação de paz e contemplação são atributos adicionais nesse tipo de turismo.

Na Argentina, o Cemitério da Recoleta é considerado um museu por dois motivos. Um deles é o grande número de obras de arte encontradas lá. A outra razão é porque, no cemitério estão os restos mortais de personalidades famosas da política, cultura, arte e ciência. O cemitério foi inaugurado em 1822. As abóbadas são na maior parte das famílias aristocráticas do país. O pórtico neo-clássico, com colunas clássicas e símbolos sobre o tema da morte.

As sepulturas são de propriedade de cada família e cada proprietário deve pagar uma taxa mensal de administração. O metro quadrado mais caro da cidade, está localizado dentro do Cemitério da Recoleta.
 
Em seus quase seis hectares estão sepultados heróis da Independência, presidentes da República, militares, cientistas e artistas. Entre eles, Eva Perón (Evita), Adolfo Bioy Casares e Facundo Quiroga.

NO BRASIL
Atualmente, o Cemitério da Consolação, em São Paulo, é considerado uma galeria de arte a céu aberto. Foi inaugurado em 1858 com o nome de Cemitério Municipal e construído com o objetivo de garantir a salubridade na cidade e evitar epidemias, substituindo o hábito, então recorrente, de sepultar os mortos nos interiores das igrejas.
Em seus primeiros anos, o Cemitério da Consolação era o lugar de sepultamento de pessoas de todas as classes sociais, incluídos os escravos que, posteriormente, foram transferidos para o Cemitério dos Aflitos
Já a partir do século XX, o cemitério passou a receber quase que exclusivamente pessoas da alta classe média e da burguesia. É nessa fase que o Cemitério ganha esplendor  pois havia uma verdadeira competição entre as famílias abastadas, que construíam jazigos cada vez mais sofisticados, com materiais nobres, como mármore e bronze. A ornamentação ficava a cargo de artistas de primeira grandeza.
Desde então, o Cemitério tem sido referência na chamada  Arte Tumular no Brasil, com importantes obras de arte de escultores como Victor Brecheret, Celso Antônio Silveira de Menezes, Nicola Rollo, Luigi Brizzolara e Galileo Emendabili.

Os atrativos do Cemitério da consolação vão além das esculturas. No local o visitante encontra os túmulos de personagens importantes e ilustres da história do Brasil, como Monteiro Lobato, a  Marquesa de Santos, Campos Sales, Washington Luís, Tarsila do Amaral, Mário de Andrade, entre muitos outros.

Ao contrário de muitos países, o Brasil pouco desenvolve seu turismo em cemitérios em virtude do preconceito das pessoas em relação ao local, por ser macabro, rememorar a morte e trazer sentimentos de dor, perda e saudades. Há pouca divulgação e planejamento de visitas orientadas ao local.  Em São Paulo, por exemplo, apenas o Cemitério da Consolação que desde 2001 tem esse serviço organizado. Espaços como o Cemitério do Araçá, um dos maiores de São Paulo e com mais de 80 obras de arte catalogadas, não apresenta esse serviço. Esses cemitérios são hoje uma riqueza a ser prestigiada e preservada.

Em Curitiba (PR) recentemente um grupo de 30 pessoas participou de uma expedição inusitada, no Cemitério São Francisco. Guiados pela pesquisadora e presidente da Associação Brasileira de Estudos Cemiteriais, Clarissa Grassi, os visitantes percorreram as ruas e alamedas do cemitério mais antigo da cidade. A atividade fez parte das ações da Semana do Meio Ambiente e teve as vagas rapidamente preenchidas para todas as sessões. Durante duas horas, os visitantes caminharam entre os quase 6 mil túmulos que estão no local. “Muitos são preciosidades trazidas da Europa, feitas em materiais nobres, como mármore de Carrara, por artistas renomados”, explica Clarissa. Ela informa que aquele é o maior acervo de esculturas de Curitiba e que não seria possível calcular o seu valor financeiro. Um dos túmulos mais visitados é da mártir local Maria Bueno, assassinada num crime passional em 1893. 'Recebe mais de 100 pessoas por dia', afirma a pesquisadora.

Um dos diferenciais entre um cemitério e um Museu ou galeria de Arte é que, no cemitério, os visitantes podem passar as mãos nas esculturas e tirar fotos, sem contar que o local está quase sempre vazio e tranquilo.

Fica a dica: quer conhecer a história da cidade, da região e das personalidades que lá viveram e fizeram história? Visite o Cemitério que com certeza lá encontrará.

Fontes:

http://www.curitiba.pr.gov.br/noticias/grupo-faz-visita-guiada-ao-cemiterio-municipal/29614

http://dallianegra00.blogspot.com.br/2013/02/turismo-no-cimiterio.html